quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Não se esqueça do ramo de alecrim

Não se esqueça do ramo de alecrim
Bruno Otsuka

Quando for partir
Não deixe de olhar para trás

Quando for sorrir
Não se esqueça das lembranças más

O que ficou é o que te fará definhar
Teus erros
Teu penar

Teus passos aniquilam teus espaços
E não se esqueça de envelhecer...

Nada mais turvo que sofrer como criança
Tendo consciência do que significa a dor

Olhe no espelho e encare por cinco minutos
A fim de ver o que realmente é
E deixe de ser
A fim de sobreviver

Sinta estremecer de desalento
Pela miséria que se tornou

Teu sono que seja das maldições
A mais perturbadora.

Minha memória peca, ia te dizer algo...
Mas mesmo pecando memória e saúde, ficam os versos
Como prova de que existi
E existirei sem deixar máculas de caráter

Grita pequena. Grita que sedado não ouço teus murmúrios
Ou ao menos não me lembro de ter ouvido
Grita, que meus ouvidos entupidos de entorpecentes te ouvem
E os olhos boiando de embriaguez e sono contemplam
Enquanto brilhas mais que a lua
Inocente... Seja crucificada ao meu lado
Ingênuos e sem termos vivido

Faça da noite e de tua solitude teu cárcere mais profano,
para doravante abrir as asas de teu sorriso
Borboleta saindo do casulo
Tome o mundo como deveria ter sido
E mostre os dentes somente a aquilo com beleza real e que seja tão singelo que mereça esse brilho


Escuta...
Não conheço teus olhos
Mas visceralmente entendo tua alma.


31-1-2006

Nenhum comentário: