terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

sempre com gosto de adeus

Ao sentir o cheiro de um livro recém deslacrado sinto vontade de chorar
Pelas circunstâncias em que chegou à minha mão, pelas mãos que o entregaram, por uma infinidade de fatores que me fazem querer morrer.
Sinto frio nessa noite quente, e não é da febre.
Dói o nó na garganta de reprimir um pranto puro, porém inexplicável a ouvidos céticos e racionais demais para compreender
A dor que sente um poeta

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Influências

Estava no dark dreams vendo algumas estatísticas, e parei pra pensar... A poesia mais lida é "Carta de suicídio", depois vem alguma que fala de amor, mas a esmagadora maioria procura textos tristes.
Talvez por estarem tristes. Acredito que as pessoas procurem menos poesia quando estão alegres, aquele famoso "curtir uma fossa"

O que me intrigou na verdade foi: Será que alguém estava quase se matando e eu dei uma forcinha? Será que eu plantei algum tipo de semente em alguém que já vinha perturbado?
Grosso modo seria : Quantas pessoas eu ajudei a morrer?

Como é horrível pensar assim, paro, já que se fosse possível isso, ou melhor, provável, já que possível o é, eu também teria feito as pessoas voltarem com seus namoros, faria pessoas ficarem apaixonadas, coisa que eu acho difícil de acontecer... Geralmente quando se está mal, o humano procura algo pra justificar sua dor, alguém que tenha sentido algo semelhante e que no final das contas o deixa pior.

Poderia discorrer sobre isso por horas, mas vou parar por aqui antes que eu comece a me sentir culpado.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

E o carnaval se foi

Mais um carnaval... E eu nunca gostei de carnaval...

Mas eu gosto de ver a alegria no rosto das pessoas, gosto de ver a felicidade que exala, gosto de ver a paz de espírito e sentir a brisa alentadora de que tudo poderia ser sempre carnaval.

Tenho alguns motivos para não gostar do carnaval, um deles é a claustrofobia... Como alguém espera que eu fique no meio de uma galera suada pulando e cheirando lança perfume?

O segundo e não menos importante, é eu odiar samba ENREDO (em maiúsculas para frisar que eu adoro samba, mas samba enredo não é samba, assim como funk da tati quebra barraco não é funk... Assim como sertanejo moderno não é sertanejo vírgula et cetera.)

O terceiro é a depressão que me bate, depois do carnaval, depois de ver todas as pessoas contentes, ébrias, saltitantes, infantis, sendo aquilo que sempre quiseram ser e agindo por instinto, voltarem a vestir a máscara turva que a metrópole e a vida impuseram, aí, uma mulher sorridente volta a ser amarga, volta a ter prisão de ventre, volta a ter depressão, volta a ser mais uma ovelha lobotomizada no rebanho digno de piedade que circula nas avenidas dessa metrópole sem estrelas.

Mas esse carnaval me foi especial. Sem multidão e com paz, sem cobranças e sem problemas, com o sorriso do meu amor, ótimos amigos, grandes seres humanos e estrelas em um céu negro, como deveria ser.

Bossa nova com fundo de mar
Rede balançando e fraternidade no coração.

Eu amo todos vocês. Obrigado por tudo, desculpa por nada.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Barítono

Deitarei
E ao cantar deitado consigo não pensar e talvez adormecer
Se não fosse a música, acho que jamais dormiria

Quando a noite é infinita

Nessas horas turvas na madrugada de insônia, encontro conforto lendo Pessoa, claro...

E entrando no Dark Dreams e rindo de meus próprios versos e chorando lágrimas que já foram derramadas.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Pessoa traduz as pessoas

Ontem estava bebendo com um grande amigo meu, aqui mesmo no escritório... Entre os papos variados, o nome Pessoa caiu na mesa, e ficamos discorrendo sobre o gênio dele, e este meu amigo, Daniel Lobo resumiu perfeitamente o porque de Pessoa ser perfeito e imortal.

-Ele escreve com facilidade e simplicidade o que a gente sente-

Pessoa viveu seus 47 anos entre 1888 e 1935, ainda é atual e sempre será, ele fala em versos ou prosa o que vai dentro do coração dos humanos, de forma simples, sucinta e genialíssima...

Então, eu não poderia deixar de citá-lo mais uma vez.


"(...) A decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia. (...)


Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, Trecho n.1

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Brisa da tarde

Saí para comprar cigarro, menos para comprar cigarro do que para tomar um pouco de vento na cara, sol nos ombros.
Acabou que ao sentir a brisa um pouco fria desta tarde clara, o sol bateu literalmente nos meus ombros, com todo seu peso.
Já estava um pouco desanimado, agora estou um pouco mais.
Tudo bem, estou cada vez mais inclinado a crer que um dia tudo será resolvido e explicado.
Poderei enfim sorrir em paz

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Carrego na alma

A angústia me chega devastadoramente. O passar rastejante das horas, das dores, dos anos, dos pesadelos e das pessoas em minha vida me calejou, ouso até dizer que me preparou para a agonia interior para eu poder sobreviver e escrever algumas palavras durante a vida.
Salvo algumas vezes em que dói mais do que minha razão pode suportar, as vezes em que o vazio se alastra tão bruscamente que minha alma não pode conter e o mundo se torna para mim o vácuo que em mim habita, acabei por me habituar com minha sina, aprendi duramente a lidar com meu infortúnio.
Mas de qualquer forma a angústia não é passageira, ela muda a intensidade dentro do meu peito, coloca seus tentáculos sombrios à mostra, pela sombra da sofreguidão se esgueiram de modo sorrateiro e sem ter como me defender de algo que vem de dentro, me vejo abraçado pelo tormento frio e solitário, me sinto distante, desalentado e nunca soube o motivo disso tudo.
Não desejo mais saber. Sangrei demais em minhas buscas atrás da minha verdade, doeram demais minhas investidas para descobrir a razão das lágrimas e dos pesadelos e não estava valendo a pena as gotas de sangue que vertiam da minha alma para descobrir algum porque para as gotas de pranto que eu derramava inexplicavelmente pelos olhos. Talvez não haja uma razão e de uma forma ou outra eu me entrego.
Tudo que consegui foi maltratar meu espírito e continuar na penumbra densa da ignorância e não preciso dizer o quanto é aflitivo saber que as respostas que sempre procurei estão em alguma caverna obscura e úmida dentro do meu inconsciente turvo.
Faz já um tempo que resolvi me conformar e lutar em silêncio. O mais lúgubre dos silêncios.