Reflexões
Paro de ler, penso em mim, em minha vida que é uma sátira infame e justa. Nunca – acredito eu – direi que não mereço o que se passa fora da minha alma.
Ouço os barulhos da caneta e lembro de mim mesmo, quando tudo tinha e nada queria além de cantar, beber, fazer versos e ouvir música. Claro... o sofrimento, as dores, os males da alma sempre estiveram ali, mas a estagnação é a derrota do homem e eu estagnei.
Voltando a minha lembrança, o verso de que me orgulho é: Murmúrio na madrugada é grito.
Ouço as peculiaridades sonoras da madrugada e o som de minha respiração me incomoda.
Sons longínquos, trevas mistas e segredos povoam qual assombrações as noites.
E eu nesta mesa de escritório, profundamente inerte, imerso em meus devaneios tenho necessidade de escrever e nada de um verso que me agrade.
Estou só e olho ao meu redor.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
F. Pessoa, fragmentos do trecho 289 do L. do D.
(...)Escuta-me ainda e compadece-te. Ouve tudo isto e diz-me depois se o sonho não vale mais que a vida. O trabalho nunca dá resultado. O esforço nunca chega a parte nenhuma. Só a abstenção é nobre e alta, porque ela é a que reconhece que a realização é sempre inferior, e que a obra feita é sempre a sombra grotesca da obra sonhada. (...)
(...) Tu, que me ouves e mal me escutas, não sabes o que é esta tragédia! Perder pai e mãe, não atingir a glória nem a felicidade, não ter um amigo nem um amor – tudo isso se pode suportar; o que se não pode suportar é sonhar uma coisa bela que não seja possível conseguir em acto ou palavras. A consciência do trabalho perfeito, a fartura da obra obtida – suave é o sono sob essa sombra de árvore, no verão calmo.
(...) Tu, que me ouves e mal me escutas, não sabes o que é esta tragédia! Perder pai e mãe, não atingir a glória nem a felicidade, não ter um amigo nem um amor – tudo isso se pode suportar; o que se não pode suportar é sonhar uma coisa bela que não seja possível conseguir em acto ou palavras. A consciência do trabalho perfeito, a fartura da obra obtida – suave é o sono sob essa sombra de árvore, no verão calmo.
F. Pessoa, L do D trecho 275
"O governo do mundo começa em nós mesmos. Não são os sinceros que governam o mundo, mas também não são os insinceros. São os que fabricam em si uma sinceridade real por meios artificiais e automáticos; essa sinceridade constitui a sua força, e é ela que irradia para a sinceridade menos falsa dos outros. Saber iludir-se bem é a primeira qualidade do estadista. Só aos poetas e aos filósofos compete a visão prática do mundo, porque só a esses é dado não ter ilusões. Ver claro é não agir."
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Trecho de Certa incerteza
Dêem-me a paranóia dos pecadores
Todo o cinismo dos santos
Inflijam-me todas as dores
Afoguem-me em todo meu pranto
Texto na íntegra : http://www.darkdreams.com.br/artigo.phtml?cod_post=870
Todo o cinismo dos santos
Inflijam-me todas as dores
Afoguem-me em todo meu pranto
Texto na íntegra : http://www.darkdreams.com.br/artigo.phtml?cod_post=870
terça-feira, 20 de novembro de 2007
No outono da vida
O gosto amargo permanece na boca que já não fala
As angústias consomem a mente que já não se manifesta
A tristeza envolve calmamente o espírito que já não cria
O abatimento desaba o corpo que já não reage
No penoso passar dos longuíssimos dias.
As angústias consomem a mente que já não se manifesta
A tristeza envolve calmamente o espírito que já não cria
O abatimento desaba o corpo que já não reage
No penoso passar dos longuíssimos dias.
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