quinta-feira, 31 de maio de 2007

é engraçado... é trágico

é tentar juntar os cacos e cortar a mão ao faze-lo

e insistir

e doer e ter espasmos involutários e espalhar os cacos

e juntar e se cortar

involutariamente enlouquecer

é engraçado, é trágico

trecho de - Jamais, dd 2005

Não quero falar com ninguém
Não quero ver ninguém
Cada vez mais sou ninguém
Os dias flutuam sem que eu perceba
Minhas vontades cada vez mais fracas
Um desalento que a cada momento me faz
Ser um pouquinho mais insignificante
Eu que nunca fui alguém, mas sempre fui intenso...
Agora aqui perdido e em torpor
Acordo em uma confusão de dias que não tento entender
Acontecimentos que não sei se são sonho ou realidade
Chacoalham minha mente que hesita
E meu coração que não quer mais responder
Na penumbra do quarto a silhueta do mais triste dos semblantes
Me olha por dentro com piedade
Por saber o que é ser só

16-3-2005

Zéssilva no gabinete

Zéssilva, em uma hipotética conversa com o prefeito, sobre grafiteiros:


-Quantos assaltos, seqüestros e homicídios acontecem nessa cidade por dia?
-O que isso tem a ver com esses vândalos?
-Nada, é por isso que pessoas sujando muros preocuparem tanto a mídia e ocuparem tanto o senhor me envergonha.

Zéssilva levanta e sai sem resolver nada, mas também não se importa.

Manifest




Eterno manifesto

imagem: bansky
Ver uma folha em branco dá uma angústia que você nem imagina.

trecho dd846

Em meio ao silêncio
No ventre da noite
Silencio.


in. Fez-se o silêncio

trecho dd845

Rosa fechada não dói
Ao mostrar sua beleza
Abre feridas no ar

in. Antagonismo II

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Álvares de Azevedo

"A poesia é o vôo das aves da manhã no banho morno das nuvens vermelhas da madrugada, é o cervo que se rola no orvalho da montanha relvosa, que se esquece da morte de amanhã, da agonia de ontem em seu leito de flores!"

Clarice Lispector

"A dor é a vida exacerbada"
Assim
A aurora alvorece
Enfim

terça-feira, 29 de maio de 2007

se o mundo fosse menos duro, se a vida fosse menos madrasta, teríamos menos gênios e mais covardes.

É bom a vida ser uma ingrata injusta bastarda de satã.

Tha walk

Vem comigo... Tudo vai ficar bem, dá a mão, isso...

Não... Você não precisa de deus.

Icy hours

Estou com frio... Triste e com frio. Frio por dentro e por fora, dedos gelados, alma glacial.
Bebo e não me aquece nem satisfaz. Fumo e falta sempre algo para preencher esse vácuo nativo do peito, sugando a energia, a vontade, a perseverança.

O desalento me consome voraz.

Trecho de Antagonismo, dd844

Amei muito pela vida
Com um ardor viril
Sofri muito pela vida
Com uma dor senil


"Se a tua dor te aflige, faz dela um poema"
Eça de Queiróz

segunda-feira, 28 de maio de 2007

E então fico a madrugada toda, a partir de agora, tentando dormir, acordando, lendo Nietzsche, não entendendo, relendo, entendendo o que eu quero entender, procurando na internet o que eu deveria ter entendido e discordando, querendo dormir, tentando mais uma vez...

e sei que será mais uma madrugada comum...

Sem os sonhos, sem a vida, abraçado com a arte, devaneio insone.

Cade o Absinto?

Uma coisa que me deixa profundamente triste é terem proibido o Absinto em sua fórmula original.

O William Faulkner disse:
"O que preciso para o meu trabalho é papel, caneta, tabaco e um pouco de whisky."

Bom, para o meu também, mas um pouco de absinto de quando em vez não iria mal...

Não tem como negar, mudar o estado mental muda a inspiração, às vezes para melhor, outras para pior, mas de qualquer maneira, a alteração é necessária para muitos.

Ao absinto e à arte, três saúdes.

Verlaine:

"For me my glory is an
Humble ephemeral Absinthe
Drunk on the sly, with fear of treason
and if I drink it no longer,
it is for a good reason."


Oscar Wilde:

"For me my glory is an
Humble ephemeral Absinthe
Drunk on the sly, with fear of treason
and if I drink it no longer,
it is for a good reason."

"After the first glass you see things as you wish they were. After the second, you see things as they are not. Finally you see things as they really are"

domingo, 27 de maio de 2007

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Daniel Lobo

"Não é minha culpa... eu queria me expressar, resolvi escrever algo e saiu poesia."

A resposta

Olha, querem saber porque eu escrevo em primeira pessoa?

Porque eu escrevo o que sinto.

Porque a pessoa que estiver lendo vai falar EU, e se se indentificar vai estar lendo algo sobre ela mesmo em sua própria pessoa, isso me agrada.

E finalmente, porque eu quero, é assim que me vem, é assim que será enquanto vier assim.

nesse caso da literatura, a identificação é o espelho olhando para o poeta, e a imagem não se vê, pode ser qualquer um... qualquer leitor e eu agradeço a todos os meus...

Aquele que olha para o mundo não se vê, vê aquilo que se olha.
Escrever é a minha vida, meus versos são tudo que eu tenho...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

três saúdes a madrugada que une todos os artistas
O amor de um poeta não morre nunca, mata.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Não tenho o olhar de que está para morrer, mas sim o de quem nunca viveu.

Conversa de msn

O Poliman, postou um texto no blog dele que começa assim

"A verdade é que você é aquilo que os outros pensam que você é. E ponto."

Aí eu perguntei a ele o que pensam que eu sou, eis o começo da resposta

Daniel Lobo diz:
de vc é dificil dizer
Daniel Lobo diz:
pq eu tenho minha visão, mas ela é minha e eu te conheço melhor do que a maioria das pessoas
Daniel Lobo diz:
não é uma visão comum


Aí eu disse que ele estava confirmando o próprio post, na parte em que ele diz

"Principalmente porque perguntar quase nunca funciona pois as pessoas, em geral, não estão dispostas a serem inteiramente francas ou diretas com você."

Então ele disparou:


Daniel Lobo diz:
vc é um depressivo alcoolatra
Daniel Lobo diz:
que sobrevive escrevendo o que sente
Daniel Lobo diz:
tem ficado bom nisso
Daniel Lobo diz:
mas isso já é pessoal
Daniel Lobo diz:
não acredito que o pessoal, da faap pelo menos te visse como alcoolatra nem como depressivo, pq na época vc era bem mais animado


Concluo que antes de ser um bom amigo, generoso e leal, sou um depressivo bêbado de merda ehheheheheheh.

Para quem quiser ler o post inteiro do Poli o link é esse:

http://meusdesatinos.blogspot.com/2007/05/imagem.html
Injustiçados são aqueles privados de dormir

conversa através de poemas

o poema

http://www.darkdreams.com.br/artigo.phtml?cod_post=267

a resposta

http://www.darkdreams.com.br/artigo.phtml?cod_post=363


Obrigado, obrigado e Cartas de magrugada

saudades ken...

mais um trecho dd490

Chegaram quando já se encontrava abraçado à mesa
De mãos dadas com o litro
Beijando a fumaça
Rabiscando seus versos que não passavam de rabiscos
Arrastados
Sorrindo para a lua
Cada lua que passava
Amando cada céu
Cada qual que em cada minuto se apresentava
Anos tortos de lágrimas
E ainda não sabia
O motivo pelo qual cantava
O motivo pelo qual vivia
Se não pela efemeramente eterna
Eterna sôfrega poesia

O poeta vive
em pequenas explosões

Por menos valor que tudo isso possa ter

otsuka 2003

O andar da carruagem

Pesadelo, sudorese, espasmos, despertar, falta de ar, desalento, ódio, desespero, vazio, depressão, lágrimas, insônia, depressão, cachaça, versos, insônia, cigarro, insônia, insônia, estrofes, calmante, cachaça, insônia, coceira, insônia, calmante, cigarro, sede, tremor, lágrimas, guitarra, lágrimas, fome, calmante, azia, lágrimas, cachaça, gastrite, anti-ácido, unha roída, insônia, depressão, angústia, insônia, versos, cachaça, calmante, catatonia, música, calmante, cachaça, cigarro, lágrimas, pesadelo, sudorese, despertar, falta de ar, desalento, ódio profundo, desespero, vazio, lágrimas, cigarro, tosse, lágrimas...

Se existe um deus, esse puto me odeia

Fato

Posso afirmar uma coisa, bons livros e poesia salvaram minha vida diversas vezes.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Loser

Se vencer na vida significa ser feliz, já nasci derrotado

Confusão e desalento

O que eu sinto neste instante é a brisa fria do desalento proveniente do meu peito. Tenho as pernas pesadas e uma alma que se recusa a crer em tudo, quem não crê em nada, crê em tudo que é nada insignificantemente.
Ouço os ensandecedores sons urbanos, ininterruptos e impessoais e desejo que o mundo fique mudo, mas o mundo continua urrando por todos os lados, o tempo todo.
Tenho grandes idéias durante a noite e a alvorada se encarrega de transformá-las em pó de lixo. Confundo tudo em minhas certezas anuviadas de poeta incompetente.
Tenho certeza de ter visto uma garrafa bonita de Amaretto no armário da sala e ela nunca existiu ali. Mas a vi claramente em um sonho ou devaneio. Tenho certeza que vi.
Talvez em algum outro sonho eu possa saboreá-lo e sorrir.

A vida não me agrada, existir me maltrata.

Warrel Dane

"Every night the dream is the same, I sit here waiting for the world to end, but it never ends..."
Warrel Dane - Nevermore

ei, dorme amor....

hoje eu pensei no tamanho do meu amor e descobri que ele é maior do que eu imaginava
Pensei no quanto eu te amo e descobri que és a pessoa que eu mais amo nesse mundo
Acordei de um pesadelo e me confortei sabendo que tenho teu carinho, teu respeito, tua crença, tua paixão
E não me sinto tão doente, me sinto amado e sei que por mais que minha vida pareça não valer a pena, vale por ti
Tenho um pouquinho de medo de fechar os olhos de novo por saber que os demônios sempre me visitam quando faço isso
Mas estou abraçando tua camisola e sentindo nela teu cheirinho com toda a ternura que existe no mundo

O mundo tem tanto amor e carinho porque eu existo para fazê-lo real nos atos e não apenas na poesia amor....

Não consigo dormir e resolvi te escrever esse emailzinho

Ei, eu te amo bastantão tá?
Sempre
Sempre

Show do Acullia e meu aniversário

estou na madrugada de segunda para terça fazendo o convite

meu aniversário vai ser comemorado no coppola, dia 25, embora eu tenha nascido no dia 27

quem se dignar a entrar aqui ao menos uma vez por semana, saberá que sexta feira estarei "comemorando" meu nascimento.
Rua: Girassol, 323 - Vila Madalena - São Paulo - SP

Tel: (11) 3034-5544

Um abraço aos amigos... Sim, vc está convidado

Meu modo... imposto, retorço

Essa hora
Hora das lembranças de infância
Hora de saber que não vale a pena
Hora de despertar de mais um pesadelo
Tão real...
Hora de saber que não é natural
Fumar e tomar pernod
Enquanto se trabalha em estrofes
Para costurar uma poesia
que já veio rasgada
Veio fugidia

toma um calmante poeta
é tua anistia

madrugada de profundíssima agonia

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Por ter apoio

é uma doença tão triste que é inexplicável

Todo dia é uma luta desvalida

Por pessoas que valem a pena

Eu amo todos vocês... e por vocês eu me venço

Por amar eu supero estas trevas, mesmo que passageiramente

Por desejo de fazer o bem eu me ergo do meu leito de pesadelos em cada manhã...

"Muitiísimo" (sic) obrigado
olha... eu já disse isso em versos...

mas repito aqui

eu perdôo todo mundo...

Losing myself

Tenho medo de amanhã não me reconhecer quando fechar os olhos e suspirar profundamente.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

acaricio o vazio

onde está você?

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Quero morrer como aquele que descobre que todo o amor que sente não satisfaz.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Eu mereço as trevas pelas quais rastejo
na verdade escrever é o que me mantém
é o que impede que eu entre nessa escuridão que está ao meu lado para me abraçar assim que eu fraquejar.

Lutar contra o próprio ser é a mais árdua das batalhas.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Tristeza e depressão

Ouvi hoje a pergunta que ignorei:

-Como saber se é doença ou apenas tristeza.

ignorei mas digo aqui...

A tristeza não faz com que alguém sinta vontade de dar um tiro na própria cara todos os dias, mesmo sabendo que nunca vai dar, a vontade persiste. A tristeza não é eterna.


A tristeza ensina, a depressão arruina.
Todo poeta é solipsista.

dd654

Era mais fácil fugir das trevas
Do que atravessá-las sem cajado...

Breve Instante

(dd lacuna de tempo)

Gostei do lapso efêmero de insânia
Do instante atemporal de inépcia
Segurei a centelha da veracidade infante
E consegui sorrir como se nada houvesse a doer

E logo o sorriso se tornou desespero

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fevereiro de 2005

Eu fico assustado de quando em vez. Percebo que meus sentimentos são puros e verdadeiros e apavorantemente iguais... O que muda é a intensidade que fica nesse vai e vem absurdo.
Chego cansado e me sento, ouço música e tomo um drink que me alivia e deixa mais leve, penso em mudar, penso no meu amor, penso em um breve futuro e reflito sobre o que me tornei, sou herói na madrugada, em meio aos fantasmas danço um pouco.

Caio em uma depressão tão profunda que luz alguma alcançará.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Estou bravo como quem morre tendo razão.

domingo, 13 de maio de 2007

Meu deus! como é horrível chorar através de olhos tão cegos!!
E foi num abraço descompromissado que ela se sentiu menos sozinha… Numa futilidade qualquer de vitrine de shopping que se sentiu mais atualizada e num fast food qualquer se sentiu jovem, viva e revitalizada.

Ousou ser infantil passando frio e sentiu menos solidão do que sentia abraçando o edredom.
Aquele que teme e não foge, ou é louco ou enlouquecerá.

sábado, 12 de maio de 2007

almost

Sou aquele que está sempre caminhando paralelamente ao precipício que nos chama.

Alfred de Musset

"A poesia é o mais doce dos tormentos."

sexta-feira, 11 de maio de 2007

2002

época tão dourada quanto obscura...

“E pior que a morte...
... é o desânimo...
Pior que o ódio...
... é o desprezo...
Mais cruel que a vergonha
... são os olhos que vejo no espelho...”

março, dois mil e dois

Daniel Lobo, again

"Lírios aos recém nascidos,
Pois estão prestes a morrer."

ddVI

Que asas a loucura é capaz de implantar nas costas quando as luzes se apagam?

Michelangelo Buonarroti

Ao ser perguntado como esculpia tão maravilhosamente:

"Eu só tiro do bloco de mármore os pedaços desnecessários."
Superioridade é um estado de graça

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Insomnia

Sofrer de insônia é ficar ao lado dos seus demônios na hora frágil, é entrar no pântano mais obscuro do peito na hora em que menos se consegue ser sensato, é chorar no escuro.

Ter insônia é ser solitário.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Wislawa Szymborska

O texto da revista piauí que eu postei, foi sobre um discurso dessa poetisa polonesa


AS TRÊS PALAVRAS MAIS ESTRANHAS

Quando eu falo a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.

Quando eu falo a palavra Silêncio,
o destruo.

Quando eu falo a palavra Nada,
crio algo que nenhum não-ser comporta.

Revista Piauí

Esse é um artigo gigante da revista piauí do qual selecionei algumas partes.

Apesar de ter selecionado as partes que acho que devem estar aqui, continua gigante, pulem... bom vamos aos trechos do texto:

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Os poetas contemporâneos são céticos e desconfiados até, ou talvez sobretudo, de si mesmos. Só com relutância confessam publicamente ser poetas, como se tivessem um pouco de vergonha. Mas em nossos tempos estrepitosos é mais fácil reconhecer nossos erros, ao menos se estiverem atraentemente embalados, do que reconhecer os próprios méritos, pois estes se mantêm ocultos mais no fundo, e nós mesmos nunca acreditamos muito neles... Quando preenchem fichas ou batem papo com estranhos — ou seja, quando não podem deixar de revelar sua profissão —, os poetas preferem usar o termo genérico “escritor” ou substituir “poeta” pelo nome de qualquer outro trabalho que façam, além de escrever. Burocratas e passageiros de ônibus reagem com um toque de incredulidade e alarme quando descobrem que estão tratando com um poeta. Creio que os filósofos enfrentam reação semelhante. Contudo, estão numa posição melhor, pois na maioria das vezes podem ornamentar seu ofício com algum tipo de título universitário. Professor Doutor de Filosofia: isso sim soa mui¬to mais respeitável.

Lembremos que o orgulho da poesia russa, o futuro ganhador do Prêmio Nobel Joseph Brodsky, foi certa vez condenado ao exílio em seu próprio país justamente com base nessa idéia. Chamaram-no de “parasita” porque não possuía o certificado oficial que lhe assegurava o direito de ser poeta.

Em países mais afortunados, onde a dignidade humana não é agredida tão facilmente, os poetas almejam ser publicados, lidos e compreendidos, mas fazem pouco, ou quase nada, para se situarem acima do rebanho geral e da roda-viva do dia-a-dia. No entanto, ainda não faz tanto tempo, os poetas se esforçavam para nos escandalizar com suas roupas extravagantes e seu comportamento excêntrico. Tudo isso era só para encher os olhos do público. Sempre chegava a hora em que os poetas tinham de fechar a porta atrás de si, despir suas capas, seus penduricalhos e outras parafernálias poéticas e enfrentar — em silêncio, com paciência, à espera de si mesmos — a folha de papel ainda em branco. Pois, no final, é isso o que de fato conta.

Não é por acaso que filmes biográficos sobre cientistas e artistas célebres são produzidos aos montes. Os diretores mais ambiciosos tentam reconstituir de forma convincente o processo criativo que gerou importantes descobertas científicas, ou o surgimento de uma obra-prima. E se pode retratar certos tipos de atividade científica com algum sucesso. Laboratórios, instrumentos diversos, máquinas complicadas em ação: tais cenas podem prender o interesse da platéia durante algum tempo. E aqueles momentos de incerteza — será que a experiência, realizada pela milésima vez com uma ínfima alteração, produzirá por fim o resultado desejado? — podem ser dramáticos. Filmes sobre pintores podem ser espetaculares, enquanto recriam todos os estágios da evolução de um pintor famoso, desde o primeiro traço a lápis até a pincelada definitiva. A música se expande nos filmes sobre compositores: os primeiros compassos da melodia que soa nos ouvidos do músico emergem, no fim, como uma obra madura em forma sinfônica. Claro, tudo isso é ingênuo, e não explica o estranho estado mental popularmente conhecido como inspiração, mas pelo menos existe algo para se olhar e se ouvir.

Mas os poetas são os piores. Seu trabalho, inapelavelmente, nada tem de fotogênico. Alguém senta a uma mesa ou deita num sofá enquanto olha imóvel para a parede ou para o teto. De quando em quando, essa pessoa escreve sete linhas, só para riscar uma delas quinze minutos depois, em seguida mais uma hora se passa, durante a qual nada acontece... Quem agüentaria assistir a esse tipo de coisa?

Mencionei a inspiração. Poetas contemporâneos respondem de forma evasiva quando lhes perguntam o que é isso, e se existe de verdade. Não é que nunca tenham conhecido a bênção desse impulso interior. Só que não é fácil explicar a uma outra pessoa aquilo que você mesmo não compreende.

Poetas, se autênticos, também devem repetir “não sei”. Todo poema assinala um esforço para responder a essa afirmação, mas assim que a frase final cai no papel, o poeta começa a hesitar, a se dar conta de que essa resposta particular era puro artifício, absolutamente inadequada. Portanto, os poetas continuam a tentar e, mais cedo ou mais tarde, os resultados da sua insatisfação consigo mesmos são reunidos, e presos num clipe gigante pelos historiadores da literatura, e passam a ser chamados de suas “obras”.

Tudo indica que os poetas terão sempre uma tarefa muito árdua à espera.

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Para o retardado que quiser ler na íntegra,

http://www.revistapiaui.com.br/2007/mai/poesia.htm
O que eu falo é ar

terça-feira, 8 de maio de 2007

ddV

E por mais que eu sinta
jamais falarei sobre ódio

ddIV

Cansaço, depressão e medo
Formam sutilmente
O mais desagradável dos degredos.

ddIII

Se existe morte para a alma
Eu a alcancei.

ddII

Eu compreendo os suicidas
Que sua paixão os fez abdicar do amor por não suportar a dor

dd

Os vícios são tentáculos longilíneos de fraqueza
Perecer em vão é um dos frutos da incerteza.

Blue

É duro escrever através da lente das lágrimas que tudo distorce.

Minhas

Espero um dia ter um sonho bonito ao despertar.

Espero um dia acordar, respirar fundo, olhar para o céu e não ter de dizer nada.

Daniel Lobo

"The future shall unveil the beauty of our art"

"A inspiração não é senão um rápido vislumbre da verdadeira beleza que permeia e se esconde no mundo."

Ricardo Otsuka

Meu pai, sobre minha Arte.

"Isso passa.. quando jovem eu também escrevi poemas, mas depois virei homem"

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Nada foi por mal... fui criado para não crer

Ele não fez por mal, mas nunca acreditou em mim, assim como eu fui criado para não acreditar.


Quando eu era criança meu pai ia ao autorama comigo… Eram os melhores momentos da minha vida, quando eu estava com meu pai, meu herói, meu modelo de força e racionalidade...

Ele dizia para mim que meu carrinho era o verde e eu nem perguntava qual era o dele, sabia que iria ganhar como sempre, enquanto meu carrinho vermelho saia e se espatifava na parede na primeira curva, eu ficava lá, durante toda a corrida acelerando fundo e vendo minha superioridade... Meu pai ganhou brindes por mim e eu achei que fosse por mérito próprio. Um dia descobri que ele fez isso para eu ficar contente.

Anos depois, eu tinha 14 anos, estava treinando kickboxing e me empenhando verdadeiramente, iria para um torneio em breve. Contei ao meu pai, meu tutor e deus. Ele me disse:

-Pode ir, mas se voltar sangrando não entra na minha casa.

Eu sabia que ninguém sangra em torneio de kickboxing de moleques de 14 anos, com capacete, colete, sapatilha, luvas enormes...

Eu não fui ganhar esse torneio e nunca mais voltei a essa academia, não dei tchau pro professor nem pros amigos de luva.

--Meu pai não acredita em mim, sabe que eu sou derrotado antes de lutar—

Quase 11 anos depois, depois de muito pensar, depois de muito ler, depois de muito sofrer eu tive uma conclusão daquelas que se tem bêbado, daquelas que se tem insano, daquelas que se tem por fuga. Concluí que essas coisas me fizeram não acreditar em mim, saber que eu não vou conseguir nada sempre, que sempre vou perder para qualquer um em tudo. Isso somado à super-proteção da minha mãe fez um imbecil poeta ridículo revoltado que eu sou, e não os culpo jamais

Aí comecei a ganhar de todo mundo no tênis, só não ganhava do meu pai... o braço encolhia, as pernas ficavam pesadas, a rede subia, a quadra do lado de lá diminuía... e toda vez que ele ia me ver jogar eu jogava mal.

Mudei, virei boêmio, bêbado, poeta e jogador de snooker, fiquei competente e só jogava mal quando ele estava presente... a caçapa diminuía, a bola aumentava, a mão tremia, suava, dava desarranjo intestinal. Sempre que ele estava presente eu jogava ridiculamente...

Comecei a beber demais, fumar demais, ser retardado demais, fazer cagadas demais, resolvi jogar golfe.

Passei a jogar bem, me empenhei, estudei, dei o sangue... E a mesma historia se repetiu... toda vez que meu pai se fazia presente eu não conseguia jogar 20% do que jogava normalmente...

Hoje juntei os pontos... fiz a conexão...

Mas não vou culpá-lo jamais...

Nem um dos dois...

Os amo com profundo respeito e choro.

Sei que tudo que fizeram foi por amor, e por amor fui concebido e criado, e por amor vivo e escrevo versos... Só não acredito em mim. Por mais que eu tente.

Obrigado meu pai, minha mãe... vocês são feixes de luz no meio de minhas trevas mais profundas... Não vou ficar tentando descobrir quem apagou o sol da minha alma... Já nasceu enegrecido...

Meu profundo amor... sempre...

Ficou a lição de tomar cuidado com o que eu digo... Por mais pura e boa que seja a intenção...
As pessoas em geral não depreendem poesia

em todos os sentidos...

Decadência

O poeta que eu sou hoje não consegue aceitar a superioridade do poeta que fui ontem.
Maldito instante em que aprendi a chorar... se tivesse morrido naquele instante já teria sofrido o bastante.
O dia brilha... bonito... e eu aqui me sentindo um doente terminal... sem forças para nada... nada MESMO.
Eu olho com tanto ódio para os olhos do espelho que me assusta...

Trecho de um poema antigo

Não há misericórdia
Tristeza não é desculpa
Para erros de caráter

Não há misericórdia
Para os que caminham pela sombra
Sabendo onde brilha o sol.

Bruno Otsuka
24-2-2006

domingo, 6 de maio de 2007

Mais sobre hábitos

Os vícios fazem e desfazem o poeta, compõem a poesia e aniquilam a fonte.
É tudo um sonho
e sempre será
é a impressão de que se tem controle
onde controle não há.

Inner darkness of us all

O homem é um ser para o medo e para a dor, fadado a seguidas despedidas e saudades violentíssimas.

A vida é fugir da sina
A dita felicidade é ilusão
Viver é enganar-se

Somos parte da sombra que a tudo abarca

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Depois de tantos tombos
Descobre-se que é melhor aprender a não cair
Do que aprender a levantar
A mentira é sustentada pela fraqueza daqueles que vivem com os joelhos machucados

Nunca tive teus lábios mas já tive teu olhar

Há tristeza
E consome meu espírito cansado
Há preguiça
E a sensação de não ter valido o passado
Há introspecção
Acho que por medo
Há silêncio profundo
Perfumando o degredo

Meus vícios pesam e não sei lutar
Meu peito se encolhe, vivo a esperar
Noite fria, pálpebras pesadas
Insônia
O teu rosto é o luar

Estou sempre atento às nuances
Do teu olhar.

Bruno Otsuka
10-10-2004


Por que diabos eu escrevia melhor com 22 anos do que hoje?

Renato Hacker

"Andarei sempre à tua frente para que não me vejas chorando."
Renato Balsam Hacker

Caflito

zéssil para os íntimos e para as mulheres
Entendeu Otsuka?

Fica quieto Zéssilva... To de saco cheio de você... cara inconveniente... você é aquele cara que fala que vai ao banheiro no motel e vai embora. Aí a mulher,(quando se descobre abandonada)tem que pagar a conta e voltar pra casa de taxi... enquanto eu sou o que abre a porta do carro e acende o cigarro da mulher, o que segura a porta do elevador para ela sair... o que leva flores... eu puxo a cadeira no restaurante... me deixa em paz Zéssilva... você é o tipo de escroto que deixa o cego no meio da faixa de pedrestres e sai correndo segurando a risada.....

Não seja injusto... nunca fiz isso...

Mas faria...

Nem fodendo

Faria sim

Nao
sim

Para Otsuka... Você fala pra caralho... Pensa demais... Seja feliz pensando menos...

reti

Não há limite





.....


Caralho... O Zéssilva caiu.. ...
As palavras estão passando tão rápido pela minha cabeça que não consigo pescar nem um versinho sequer...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Adendo n. 1 ao post abaixo

As pessoas nascem, vão adquirindo medos, vícios, manias, preferências, rotinas, opiniões e morrem.

Agora me responda você, uma pessoa cheia de qualquer um dos ítens acima (vícios, manias, etc..) são o que?

"E se eu ficar louca e ninguém me avisar?"
Tatiana Bornato

Breve reflexão sobre "O óbvio ululante que pulula nas mentes humanas"

Todos os caminhos levam à insânia.

Medo demais é patologia, fobia, pavor irracional e incontrolável... logo insanidade

Amor demais gera ciúmes, amor demais gera possessividade, logo obsessão, insanidade

Coragem demais é insanidade e dispensa explicações...

O homem foi feito para nascer, ficar louco e morrer...

Alguns percebem que ficaram loucos, outros não

As vezes os outros percebem que um ficou louco, as vezes não

A insânia é o final da jornada da mente, ao menos das mentes dignas de serem lembradas...
Foi sempre entre silêncio e medo

Presença

Ter-te presente amaina meus demônios

Encostar em ti é o meu éden.