quinta-feira, 25 de outubro de 2007

festejo com espectros

Festejo com espectros
Bruno Otsuka

Há uma mancha negra...
Se expande como câncer
Na alma dos poetas

Festejo com fantasmas e danço com demônios
Recito para os mortos em sussurros

Danço e canto no escuro, fecho os olhos para o breu se adensar ainda mais...
Talvez para evitar expor a simples melancolia que bóia em meus olhos
Tão rasos para fora
Tão infinitos para dentro

Eu choro o mesmo tanto que sorrio
Sorrio por motivos nobres e estúpidos
Assim como choro por motivos da mesma magnitude

Acho que sou um apelo solitário
Minha obra reflete minha alma... redundante e cansativa, sempre a um passo de desistir
Insiste em permanecer estagnada... Reticente... Envergonhada...
Ainda assim me orgulha mais do que me envergonha, só pelo simples motivo de ser tudo que tenho
Minha poesia é minha vida, como não canso de dizer...
Buscarei sempre a felicidade, como general que parte para batalha já perdida
Quando seus exércitos já foram dizimados
Espada na bainha não tem valor, tampouco existe
Ninguém reconhece um homem de costas que se afasta
Há méritos em sangrar por algo nobre
Resta resguardar o pouco de dignidade que ainda sobrevive
Alguma honra tem que habitar o peito
Por mais fugidia e sorrateira que seja

Bebida já não faz mais o efeito que fazia.... Não em embriagar, mas em fazer sonhar, em amenizar
Suporto mil cachoeiras de lágrimas, se forem traduzidas em versos
Ser poeta é ser menos
Ao menos aos olhos comuns

Tenho que maltratar meu corpo para suportar a minha alma
Meu corpo não acompanha meu espírito incansável, sempre desperto e sonhador

Vai poeta... Vai que teus versos tem de alimentar teu espírito... Isso e só

Eu geralmente não penso, sinto...

Meu ser não agrada nem a mim mesmo... Me sinto mal vindo em cada solo que piso

Estou sempre esperando escrever o verso perfeito, a estrofe da vida, o poema que vai me fazer completo, e esse verso não me vem.

Esperarei com o olhar perdido no horizonte
E o coração repleto de louvor

Sou um soluço seco embaixo das cobertas em uma noite de frio...


30-3-2007

2 comentários:

tati bornato disse...

eeeeeeeeeee!!

voltou a escrever !!!

Adorei ver você.

Vamo q vamo...

Beijos !!!

elenice disse...

Oi Otsuka
Estava vasculhando, saudosa meus ultimos anos. Como a tecnologia nos permite resgatar histórias, textos, acontecimentos e imagens. Acabei no caleidoscópio e me lembrei de você e dos seus escritos. Sabia que muita gente acessou o Caleidoscópio à sua procura? São as armadilhas do google. Fiquei pensando o quanto é maluco este mundo digital. Com alguns cliques acabei caindo no inconsciente poetico e me vejo agora a escrever como se você estivesse por aqui e como se amanhã eu fosse encontrar um post seu no meu blog sobre o que escrevo agora. Sabe, muita coisa mudou. As redes socias estão muito ligeiras. Não agradariam a você. Sua mente brilhante não caberia, com certeza nas poucas linahs do twitter e você não suportaria a superficialidade do facebook. Continuaria sim, certamente colocando sentimentos em palavras aqui no seu blog. Ah! Bruno, e seu livro hem? Como gostaria de poder publica-lo, mas não o conseguiria sozinha. Pensei em uma campanha de mobilização, mas mais uma vez o dia a dia me envolve e afasta desta idéia e de tantas outras que deixo sempre para um outro dia qualquer. Mas, lendo agora seus textos aqui, me deu uma puta vontade de me apropriar dos seus escritos e de alguma forma, talvez bem tosca e primária tentar publicar o "Inconsciente Poetico". Ja fiz isto uma vez. Aí então, tudo pronto presentearia seus pais, a Ro e seus amigos. Então, fico assim planejando, meio euforica. Imaginando a reação e afelicidade de todos. Depois, como sempre, vai passar. Mas, por hora, é isto.Foi bom falar com você. Vou voltar mais vezes
E quem sabe, postar isto no meu blog tambem
Ah! espero que esteja tudo bem por ai. E que tenha encontrado os poetas que sempre sonhou conhecer.